Citricultura sobrevive com dificuldade na Flórida
ATDA faz palestra depois de visita a pomares daquela região
O Estado da Flórida, nos Estados Unidos, maior produtor de laranja daquele país, convive com inúmeros problemas após a onda de furacões que varreu aquela área, nos anos de 2004 e 2005. Greening, gomose, declínio, cancro cítrico, entre outras doenças, aumentaram significativamente após esse período, com 3 em cada 10 plantas infectadas. Foi isso que constataram os engenheiros agrônomos Emerson Fachini e Antônio Junqueira Franco, que estiveram naquele país no mês passado, junto com um grupo de citricultores brasileiros, visitando diversas áreas, para justamente saber como os americanos estão convivendo com esses problemas e quais as perspectivas para os próximos anos. Em palestra realizada na quinta-feira (6), com diversos citricultores, denominada Negociando Conhecimento, Fachini mostrou o que está acontecendo neste momento naquela região e o que podemos aprender com as atitudes que eles estão tomando.
Segundo Fachini, algumas propriedades estão completamente tomadas pelo greening, sendo apenas uma questão de tempo para que não tenham mais citricultura. Várias propriedades que ele já havia visitado há muitos anos atrás foram transformadas em pastagens ou outras culturas devido a doenças, tendo muitas árvores que ainda estão produzindo visivelmente doentes, que deverão ser eliminadas. Praticamente não existem pomares novos, ou replantas, devido ao medo dos citricultores terem seus pomares contaminados pelo greening. Pomares abandonados, falta de união entre os citricultores, doenças, brigas com a Justiça para não arrancar pés contaminados. Qualquer semelhança com o Brasil não é por acaso. Quando o preço não está bom e a natureza não ajuda, fica difícil vislumbrar um cenário otimista nos Estados Unidos para os próximos anos.
A Flórida é o principal estado produtor de citrus dos EUA, com uma história de mais de 100 anos de cultivo. Apesar de suas terras serem, em sua maior parte, arenosas devido aos pântanos, tendo sua altitude máxima chegando a 40 metros de altura do nível do mar, os citricultores conseguiram realizar verdadeiros milagres no plantio de laranja. Mas, com os últimos problemas acontecendo, inclusive sendo detectada pela primeira vez a pinta preta, no mês de março deste ano, fica difícil avaliar o que vai se passar nos próximos anos. Mas as previsões, segundo os próprios americanos mostraram aos citricultores brasileiros, são de que a produção de laranja caia pela metade até o ano de 2020, cerca de 60 milhões de caixas. Para este ano, os produtores americanos disseram que as geadas, apesar de terem sido fortes, não chegaram a afetar significativamente a produção.
Um dado interessante mostrado foi o de que o governo estadual da Flórida pretende também fazer com que uma grande área daquele Estado volte a ser pântano, como era antigamente, antes das drenagens para o plantio de citrus. Isso vai fazer com que em uma enorme área seja eliminada a citricultura.
Fachini também mostrou como eles fazem a eliminação dos pés de laranja condenados. É utilizada uma pá carregadeira com um sistema adaptado para cortar o pé, agarrar e levantar, e já em seguida jogar o herbicida no que restou no solo. Foi também mostrado como eles agem em relação à manutenção e prevenção dos pomares, utilizando nutrientes foliares, fosfito, etc. Um dos pontos abordados foi o de que as laranjas retiradas de pomares infectados por greening são utilizadas normalmente pelas indústrias, mas produzem um sabor muito diferente daqueles que os consumidores estão acostumados, prejudicando também neste aspecto a produção.
O combate ao psilídeo, transmissor do greening, foi mostrado, com vídeos e fotos interessantes, quase artesanal, mas parece ser o que está mais próximo do necessário. Pesquisas estão sendo feitas na Universidade da Flórida, onde o grupo de 14 pessoas também esteve, para o combate ao greening, e seu transmissor. O principal predador do psilídeo, tamarixia radiata, está sendo criado em laboratório para combater o inseto. Eles também utilizam camionetes para pulverizar os pomares no combate ao psilídeo, utilizando 30 litros de calda ha por hectare.
Finalizando, foram mostrados os custos para se manter livre das principais doenças, sendo que um método tradicional fica em aproximadamente US$ 1.490 por acre, e outro com o programa foliar que eles utilizam fica em US$ 1.750 por acre. (1 acre = 0,404 hectares)
Difícil dizer o que fazer, mas algumas conclusões foram tiradas pelo grupo ATDA, que seguem abaixo:
- Utilização de técnica é fundamental na agricultura atual.
- O importante não é termos preços bons por 1 ou 2 anos, e sim planejarmos uma citricultura para gerações.
- O controle do vetor e a erradicação de plantas doentes é muito importante no ÍNÍCIO.
- A tendência do preço do suco no mercado mundial é de alta.
- A citricultura hoje depende da Ciência Mundial.
- São Paulo – Florida / Florida - São Paulo, atualmente é uma ponte aérea.
- A consciência em áreas com baixo inóculo, é a maior arma para se manter no negócio e os vizinhos também.
- Conhecimento e Informação serão os diferenciais para o sucesso ou para o fracasso. (Da Redação)
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